ALIMENTOS FUNCIONAIS
Por: Vera Assunção
Revisão final de textos:
Márcia Lacombe da Fonseca
Nutricionistas da DVST/UFRJ
Designação: Alimento natural que é enriquecido com aditivos alimentares, na verdade aditivos químicos, tais como:
- vitaminas;
- minerais;
- ômega três;
- antocianinas = Pigmentos responsáveis pelas cores de algumas frutas, flores e folhas, esta palheta de cores vai do alaranjado ao vermelho do roxo ao azul. Um dos exemplos é a cor de alguns vinhos tintos de safras novas que além de ser um ótimo acompanhante as refeições, atuam contra os radicais livres.
Podem ser encontrados em:
Framboesa, amora, cereja, uva, mirtílo, morango, jabuticaba, acerola, figo, açaí, pitanga, romã, berinjela (comum e da Jamaica), cebola roxa, rabanete, pimentão vermelho, repolho roxo, feijão (preto e vermelho). Atua na prevenção da degeneração das células humanas e animais e é um potente mecanismo contra a disseminação de alguns tipos de câncer.
- carboidratos;
- fibras (sob forma pro bióticos, prebióticos e simbióticos).
Estes elementos combinados, tendo seus valores agregados aumentados, visam reduzir riscos de doenças e manutenção da saúde, mas nem sempre cumprem o que prometem, podendo até causar a não absorção de vitaminas e minerais. Hoje em dia, boa parte da população encontra-se sedenta de informações a respeito de Nutrição adequada e correta, visando evitar ou controlar as doenças mais freqüentes como obesidade, diabetes, hipertensão, dislipidemias, osteoporose e câncer, e conseqüentemente aumentar a sua média de vida. Em cima deste fato, trabalham as indústrias alimentícias que descobriram uma maneira (discutível), de introduzir nos mercados os alimentos funcionais, para “facilitar” uma melhor alimentação, daqueles que procuram uma melhor qualidade de vida, mas sem informar, por exemplo, a quantidade (em porções) do consumo destes elementos ou alimentos nas refeições diárias.
Hábitos alimentares adequados não é uma fórmula difícil de se obter, pelo contrário, o simples fato da NÃO ingestão de gorduras saturadas, alimentos industrializados, sal acima do limite estabelecido, açúcares, SER trocado por fibras, legumes, verduras, frutas e cereais integrais e somados a isso, atividade física, ausência de tabagismo e álcool, viram peça chave para se alcançar o resultado desejado, e isto pode e deve começar desde a infância, até a 3ª, 4ª, 5ª idade...... .
Muitas pesquisas estão sendo feitas por cientistas alimentares, médicos e Nutricionistas, com o intuito de avaliar a real necessidade da introdução desses elementos ou alimentos na dieta, sua atuação no organismo e qual a sua importância na prevenção das doenças.
Para a ANVISA alimento funcional, é aquele ingrediente, que agrega propriedades funcionais e nutricionais e que tem a determinação de trazer benefícios à saúde com segurança para o consumidor.
A comprovação destas pesquisas visa estabelecer um melhor entendimento entre o binômio saúde/doença e interesses econômicos das indústrias alimentícias, explicando melhor, será que há real necessidade da introdução deste novo elemento ou alimento no mercado?
Ou já existem bem perto de nós, todos os elementos ou alimentos, que realmente precisamos para nossa correta alimentação, sem precisar desembolsar nem mais um centavo por isso.
Para a ANVISA, todos os novos elementos que são adicionados aos produtos, vendidos e consumidos pela população, devem passar pelo crivo do Ministério da Saúde, para atestar a sua eficácia e segurança nutricional, bem como a veracidade das informações nutricionais contidas nos rótulos. Estas referências são muito importantes, pois irá determinar, qual a sua atuação na manutenção de um bom estado de saúde, mas sem querer dizer, que este ou aquele elemento ou alimento funcional, que está sendo introduzido no produto, representa a cura de qualquer patologia ou é um milagre para redução de peso em qualquer dieta.
Avaliando pelo lado prático e nutricional, cabe uma pergunta: será que o alimento funcional (que tem preço bem acima da média), não pode ser substituído por um alimento de mais fácil acesso?
Ex: comer mais peixes - que possuem ômega 3 – do que tomar leite enriquecido com ômega 3 que não tem a menor diferença para o leite comum que é vendido nos supermercados.
O mesmo acontece com as famosas barrinhas de cereais, que contém mais açúcar do que fibras ou os pães integrais que não são totalmente integrais, ou seja, levam em sua composição, outros elementos que tiram a sua característica de integral é só verificar o rótulo que não há o que discutir!. Os alimentos funcionais não se aplicam a todos os casos patológicos, pessoas que possuem hipertensão arterial, não devem fazer uso de chá verde em grandes quantidades devido à presença de cafeína, mesmo sendo este chá excelente para o colesterol alto e ajudar na prevenção e até no tratamento de alguns tipos de câncer. Hoje a dieta da vez é a “ração humana”, não tem para cães....... , agora temos uma para humanos, que é uma mistureba de fibras e grãos. Fibras e grãos são ótimos elementos e alimentos, mas se a “ração humana” não vier acompanhada de líquidos suficientes, o que vai acontecer é a formação de um bolo no intestino que não é para cantar parabéns!, Mas para provocar uma intensa constipação intestinal.
Frutas, verduras, legumes, cereais integrais, apresentam as mesmas propriedade que os alimentos funcionais, pois na verdade eles são a base química dos mesmos.
TABELA DOS ALIMENTOS FUNCIONAIS E SEUS RESPECTIVOS COMPARATIVOS
Beta caroteno (antioxidante, reduz risco de alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares)
- Abóbora
- Cenoura
- Mamão
- Manga
- Damasco
- Espinafre
- Fígado
- Rim
- Gema de ovo
- Melão
- Pêssego
- Folhas verdes escuras
Licopeno (antioxidante, atua nos riscos de câncer de próstata)
- Tomate
- Goiaba
- Melancia
- Damasco seco
Sulfetos (redução de colesterol, pressão sangüínea e melhora no sistema imunológico)
- Alho
- Cebolas
- Azeitonas
- Alho-porró
- Cebolinhas verdes
Fibras solúveis e insolúveis /carboidratos (redução dos riscos de câncer de intestino e dos níveis de colesterol sangüíneo)
- Frutas
- Legumes
- Verduras em geral
- Cereais integrais
Flavonóides (antioxidante que atua contra alguns tipos de câncer e doenças coronarianas, vasodilatador e antiinflamatória)
- Salsa
- Cenoura
- Frutas cítricas
- Brócolis
- Repolho (roxo e branco)
- Pepino
- Abóbora
- Inhame
- Tomate
- Berinjela
- Pimentões
- Alcachofra
- Produtos de soja
- Batatas
- Ervilhas
- Cebolas
- Rabanete
- Rábano
- Maçã
- Uva
- Vinho tinto (com moderação – 1 taça no almoço ou no jantar, não esquecer que vinho possui açúcar!).
- Soja em grão
- Leite e suco de soja
- Queijo (tofu)
Ácidos graxos (ômega 3 – redução dos níveis de colesterol e dos riscos de doenças cardíacas)
- Peixes
- Óleo de peixes
- Nozes
- Ovos
- Peixes – espécies mais ricas em ômega 3 – anchova, linguado, cavala, salmão, sardinhas, atum
- Camarões (crustáceos)
- Óleo de linhaça
- Óleo de soja
- Nozes
- Amêndoas
Taninos (antioxidantes, anti-séptico e vasoconstrictor)
- Maçã
- Manjericão
- Manjerona
- Salsa
- Uva
- Caju
- Soja
- Cacau/chocolate
- Folhas verdes
- Pequi (norte e nordeste do Brasil)
- Milho
Pro bióticos = São organismos vivos que são adicionados em quantidades controladas aos alimentos que serão consumidos, e que têm como fator coadjuvante a normalização da flora intestinal, em casos de diarréias, inflamações e também constipação. Alguns estudos (ainda não comprovados), dizem que os pro-bióticos, auxiliam na prevenção de alguns tipos de câncer e infecções por patógenos; mas também é comprovado que os elementos pro-bióticos, não são cumulativos, ou seja, a ingestão dos mesmos em maior ou menor quantidade trará o mesmo resultado, a função intestinal se manterá inalterada. Um detalhe que não é informado nos rótulos de quem faz uso de alimentos que possuem pro bióticos, é que pessoas com intolerância a lactose não podem fazer uso dos mesmos, podendo causar constipação ou uma intensa diarréia.
- Iogurtes, leites infantis (pó), sorvetes, sorvetes de iogurtes (atualmente um novo modismo), alguns queijos e maioneses.
- Leites fermentados = Activia, Actimel, DanActive, Yakult.
Pré-bióticos = Também componentes alimentares (carboidratos que não são digeridos), que atuam mais efetivamente, na parte do intestino chamado cólon, intestino grosso e delgado. Inibe a multiplicação de agentes patógenos. Não devem ser utilizados por pacientes portadores da síndrome do intestino irritável, pois possuem risco teórico de diarréia, como também não foram encontrados dados positivos de seu uso para portadores da doença de Chron. Podem ser encontrados em:
- Alho
- Cebola
- Chicória
- Banana
- Mel
- Cevada (não a da cerveja!).
- Batata yacon ou sua farinha (que já é encontrada para preparar bolos, biscoitos etc.).
Simbióticos = combinação de elementos pro-bióticos e pré-bióticos “in vivo”, que irão atuar direcionadamente em regiões específicas do trato gastrintestinal. {Intestino delgado
{Intestino grosso.
Podem causar gases, principalmente em pacientes imunossuprimidos e causar sangramentos intestinais.
Eles são encontrados em suplementos tais como: Sustagem, Sustaim, Sustare, Caseinato, Albumina.
Concluindo:
Se há uma gama variada dentro dos grupos alimentares existentes, e se for feita uma ingestão na proporção correta dos mesmos, não se vê necessidade nutricional, da aquisição dos chamados elementos ou alimentos funcionais (quimicamente preparados nas indústrias), para se obter o mesmo resultado, ou seja, benefícios essenciais à saúde de todos.
OBS: a FDA, hoje em alguns países, já questiona a evidência, comprovação e eficácia dos pro-bióticos, que entram na composição de alguns alimentos, tais como: iogurtes e leites fermentados.
Ex: leites fermentados = YAKULT
Iogurtes = ACTIVIA E SIMILARES
Então: ATENÇÃO NOS RÓTULOS,
BOAS ESCOLHAS,
VIDA LONGA COM QUALIDADE!
Colaboração: Dr. Alexandre Schreider R. Silva
Diretora da DVST = Rosemarie Portella
Referências Bibliográficas:
Feijó. MBS. Alimentos Funcionais, apresentação oral. UNIRIO – Escola de Nutrição – dezembro de 2007.
Susana Marta Isay Saad – Departamento Bioquímico – Farmacêutica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo.
Venessa C. Gallo – Graduanda em Nutrição da FMRP-USP, Estagiária Curricular em Marketing na Nutrociência – Assistência em Nutrológia.
Larissa Christine Puglia – Nutricionista da Nutrociência – Assessora em Nutrologia SS ltda.
Especialista no tratamento Multidisciplinar da obesidade pelo Departamento de Psicobiologia da UNIFESP – EPM
Jornal O Globo edição do dia 30 de maio de 2010 – Tema – Funcionais sem Efeito do encarte Saúde.