TEMPEROS (PARTE II)
Vera Assunção
Nutricionista - UFRJ - CRN 4/RJ
Todo mundo sabe que em uma cozinha, as ervas e especiarias
são tão indispensáveis quanto o sal. Regras gerais englobaram uma e outra sob o
rótulo de temperos, mas é bom saber que existe uma diferença.
A palavra erva, em culinária, deve ser usada para designar
as folhas tais como o orégano, manjericão, manjerona, tomilho, salsa, cebolinha,
estragão, alecrim, louro e outras menos conhecidas. As especiarias são aqueles
produtos obtidos de cascas, raízes e frutos de árvore e plantas tropicais, como
a canela, gengibre, noz-moscada, pimenta-do-reino, erva-doce, colorau, cravo,
cominho, etc...
Feita esta diferenciação vejamos qual o melhor método para
guardá-las.
Ervas e especiarias devem ser guardadas em lugares frescos,
nunca perto do fogão ou forno, mesmo que você julgue mais prático, bem ao
alcance da mão. O calor e a exposição ao ar farão com que os aromas se evaporem
e o condimento perca em muito o seu sabor natural. Em dias de calor muito
forte, aconselha-se colocar os temperos na geladeira.
O sabor das especiarias provém dos óleos naturais contidos
na célula vegetal. Quando elas são moídas, esses óleos iniciam um lento
processo de evaporação, de modo que o aroma e o sabor vão gradualmente
enfraquecendo. No entanto esse processo é tão lento que geralmente nem o
percebemos. Por isso é que ervas e especiarias devem ser conservadas em
recipientes hermeticamente fechados como, por exemplo, potes de vidro.
A intensidade do aroma, a qualidade do sabor e a cor são
bons indícios para determinar o maior ou menor frescor dos produtos. O aroma
deve ser intenso, tão logo o recipiente seja destampado, quer se trate de
pimenta-do-reino, canela, cravo, gengibre ou noz-moscada. No caso da mostarda,
quando em estado natural, é preciso esfrega-la um pouco entre os dedos para que
se possa perceber o seu intenso aroma. Com as ervas – manjerona, salsa,
cebolinha, louro, e outras tantas – é a cor que deve ser examinada em primeiro
lugar. Se já estão perdendo o verdor, apresentando-se amarelas ou queimadas, não
contribuirão em nada mais para o sabor do prato que está sendo preparando com
tanto carinho. Isto também acontece com as folhas que estão quebradas ou
partidas.
As ervas podem ser levadas à geladeira, porém a sua duração
vai diminuir bastante. A dica é comprar pequenas quantidades, passa-las atadas
em molhos por um minuto no vapor d’água fervente, deixando esfriar logo depois
sem molhar novamente em água fria. Coloque pequenas quantidades em sacos
plásticos à prova de umidade, retire o ar furando as pontinhas do saco e ai sim,
pode guardar na parte de baixo da geladeira.
OS TEMPEROS E SEUS
SEGREDOS AQUI REVELADOS PELA NUTRICIONISTA....
Países do Hemisfério Norte ou do Hemisfério Sul, do Oriente
ou do Ocidente, cada um tem sua maneira particular de usar os temperos. Na cozinha
do Hemisfério Sul, nota-se uma tendência para os pratos temperados e
apimentados, coisa que já não acontece com a culinária nórdica. A cozinha
chinesa é famosa por suas sábias combinações de especiarias e ervas aromáticas,
muitas vezes doces ao paladar. Na França, os temperos são mais empregados na
“grande cozinha”: no dia-a-dia, os pratos são
pouco temperados, o que é uma pena, pois as especiarias emprestam originalidade
às receitas mais simples, eliminando a monotonia no cardápio familiar.
No emprego dos temperos, é preciso observar duas regras
básicas: moderação e nada de muita mistura. A pimenta-do-reino é a especiaria
que melhor combina com o açafrão, o cravo da índia e o curry. A canela e o
cravo-da-índia podem ser misturados, mas como diz a regra geral, não se devem
combinar especiarias chamadas “doces”, pois uma prejudica ou anula o perfume da
outra. Quem pensa que a pimenta-do-reino branca é diferente da escura tem razão
neste ponto: as duas são originárias da mesma fava, porém uma é colhida madura,
aferventada e seca ao sol (a branca), enquanto que a outra é colhida “de vez” e
posta para secar.
A pimenta-do-reino é vendida em pó, porém há quem prefira
adquiri-la em grãos e prepará-la de acordo com a necessidade. Assim a pimenta moída
em partículas finas é ideal para o molho e os legumes, enquanto que a mais
grossa é ótima para as carnes e os peixes. A pimenta é indispensável em todos
os molhos que acompanham as carnes e os peixes como disse antes, mas também é
perfeita no vinagrete, que devemos fazer para acompanhar as saladas de folhas
que devemos levar à mesa todos os dias. Em pratos de sabor mais delicados a
pimenta-do-reino não é uma boa convidada, ela pode quebrar a harmonia do prato
em questão!.
Se acontecer de você errar na mão no uso da pimenta,
neutralize seu efeito com um pouco de açúcar orgânico. E lembre-se use uma
quantidade razoável, a pimenta é um estimulante digestivo natural, em excesso,
irrita as mucosas. Pessoas portadoras de síndrome do colón irritável, não devem
fazer uso da pimenta.
O cravo-da-índia, é uma especiaria que, além da culinária, é
empregado também na farmácia caseira, fazendo a composição de bálsamos e pastas
usadas em cirurgias dentárias. Em doses moderadas ajuda na digestão difícil que
às vezes acontece. É só botar um a três cravinhos na boca e, ir mordendo
devagar, o mal estar digestivo passa como mágica!.
A noz-moscada é perfeita para as carnes brancas, vitelas e
também é empregada nos purês e no molho branco. Suas propriedades digestivas
são muito conhecidas. Deve ser usada com cuidado e parcimônia.
O açafrão, que estimula a digestão é usado também na
composição de alguns xaropes e antiespasmódicos para a tosse. A canela tem
virtudes tônicas e excitantes, ela entra na composição de xaropes para ativar a
circulação em certos medicamentos para alergias e resfriados. Usada em bebidas
quentes como vinho, aguardentes entre algumas. Eu uso um pedacinho de pau de
canela quando tomo chá, coloco direto na xícara, assim que despejo a água
quente.... mas sem ferver; este é um segredo que revelo – a água para o chá ou
para o café, não deve ferver !!!. As gestantes
devem ter cuidado com seu uso, pois a mesma é considerada abortiva.... coisas
de avó com muita sabedoria!!!. A baunilha é antisséptica e estimulante, tendo
sido usada antigamente no tratamento de bronquites. Eu particularmente uso
quando faço um bolo, um pudim entre outras coisas, quando resolvo ir para
cozinha fazer mágicas com as panelas e colheres de pau.
Vamos falar das “quatro especiarias”, são elas:
pimenta-do-reino escura, canela, cravo e noz-moscada. São empregadas em pratos
salgado como guisados, ensopados, e em alguns molhos, elas aparecem também em
alguns bolos famosos, como o clássico bolo de chocolate e café dos ingleses.
O curry é uma mistura de pimentão, pimenta-do-reino,
noz-moscada, badiana (anis-estrelado) e cúrcuma, em porções diversas. Seu uso,
já conhecemos.
O homem das cavernas procurava nos grãos, nos bulbos e nos
tubérculos do reino vegetal as substâncias suscetíveis de melhorar o sabor de
sua alimentação. Hoje são praticamente as mesmas plantas que perfumam e
temperam os nossos pratos do dia-a-dia, estimulando o nosso apetite, inebriando
nosso olfato e excitando nossos sentidos. Nada melhor que conhecê-las bem e
aproveitar tudo de bom que cada uma delas tem para nos oferecer, para ter na
alimentação um prazer a mais!!!.